sábado, 4 de fevereiro de 2012

Asas

É voando que sou e recomeço
Como novo ser em cada momento
Do meu voo p’r’além do firmamento,
Sem destino, talvez, e sem regresso.

Eu sou o que já fui, alguém que esqueço,
Porque de mim só resta o pensamento,
Um sopro que é de vida ou de vento,
Pelo espaço infinito que atravesso.

São asas que me fazem, que me talham
E, pelos céus voando, que me espalham,
Que me dão vida mas também destroem,

Porque as asas que tenho concerteza,
São do meu sonho e não da natureza,
As asas que não tenho... como doem!

Eduardo Pinto Basto
in O Lado Alado
Cento e Um Poemas
Entre o Céu e a Terra

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