segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CHEGADA


Era tarde da noite quando K. chegou. A aldeia jazia na neveprofunda. Da encosta não se via nada. névoa e escuridão acercavam, nem mesmo o clarão mais fraco indicava o grandecastelo. K. permaneceu longo tempo sobre a ponte de madeira quelevava da estrada à aldeia e ergueu o olhar para o aparente vazio. Depois caminhou à procura de um lugar para passar a noite;no albergue as pessoas ainda estavam acordadas, o dono nãotinha quarto para alugar mas, extremamente surpreso eperturbado com o hóspede retardatário, propôs deixá-lo dormirsobre um saco de palha na sala e K. concordou. Algunscamponeses ainda estavam sentados tomando cerveja mas ele nãoqueria conversar com ninguém, pegou pessoalmente o saco de pa-lha no sótão e deitou-se perto da estufa. Estava quente ali, oscamponeses quietos, ele os examinou ainda um pouco com osolhos cansados e em seguida adormeceu. Mas pouco tempo depoisjá foi despertado. Um jovem, em trajes de cidade, rosto de ator,olhos estreitos, sobrancelhas fortes, encontrava-se ao seu lado como dono do albergue. Os camponeses também ainda estavam lá,alguns tinham voltado suas cadeiras para ver e ouvir melhor. Ojovem desculpou-se muito cortesmente por ter acordado K.,apresentou-se como filho do castelão e depois disse:  Esta aldeia é propriedade do castelo, quem fica ou pernoitaaqui de certa forma fica ou pernoita no castelo. Ninguém podefazer isso sem permissão do conde. Mas o senhor não tem essapermissão, ou pelo menos não a apresentou. K. tinha erguido a metade do corpo, alisado os cabelos paratrás com os dedos; olhou os dois de baixo para cima e disse:  Em que aldeia eu me perdi? Então existe um castelo aqui?  Certamente  disse o jovem devagar, enquanto aqui e alialguém balançava a cabeça em relação a K.  O castelo do senhorconde Westwest.

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